Demora no SUS agrava situação das pacientes com câncer de mama
A lentidão de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) traz uma
realidade arrasadora para milhares de mulheres no Brasil. O câncer de
mama é um dos que mais matam no mundo, e o tratamento tardio agrava
ainda mais esse problema. Após quatro anos da entrada em vigor da “lei
dos 60 dias”, que prevê o início do tratamento gratuito no SUS, após o
diagnóstico de qualquer tipo de câncer, em até 60 dias, dados do
Ministério da Saúde mostram que 43% dos pacientes com a doença começam o
atendimento após o prazo estipulado pela legislação.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que durante este ano de
2016 o país registre cerca de 596 mil novos casos de câncer. Desses, 58
mil são de mama. Além do tratamento que demora para ser iniciado, o
diagnóstico é outro fator preocupante. A maioria das mulheres com
suspeita de câncer de mama leva uma média de nove meses para concluir o
processo de diagnóstico. Essa informação é de uma pesquisa apresentada
durante o Fórum de Políticas para o Câncer de Mama, realizado em maio
deste ano, no Rio de Janeiro, pela organização não governamental Laço
Rosa.
Segundo a mastologista natalense Roberta Jales, especialista pela
Universidade de São Paulo (USP), com estágio em Mastologia pelo Hospital
Memorial Sloan Kattering Câncer Center de Nova York, a espera de meses
para se chegar a um diagnóstico leva ao agravamento da doença e à perda
da possibilidade de cura. “O diagnóstico precoce é uma arma importante e
deve ser estimulado sempre. A melhor forma de detectar precocemente o
câncer de mama ainda é através da mamografia de rastreio a partir dos 40
anos, anualmente. No caso de pacientes de maior risco, a idade de
início deve até mesmo ser antecipada”, destacou Roberta. Por isso, é
importante que as mulheres realizem o autoexame e sejam avaliadas
regularmente pelo médico.